terça-feira, 24 de fevereiro de 2015

SABEDORIA MINÊIRA

Imagine se fosse possível saber com muita antecedência se vai chover ou não no dia da final da Copa do Mundo? Ou no dia do seu casamento, do seu aniversário? 
Em Mariana (MG), os moradores seguem a previsão do tempo num calendário publicado no começo do ano. Os métodos usados para fazer a previsão são um mistério. Mas tem gente que garante que ele não erra.
Ela conta o tempo há 140 anos. Já virou até patrimônio de Mariana, no interior de Minas Gerais. É a folhinha eclesiástica. Ou “Fuinha, fuinha de Mariana, fuinha da igreja. São esses nomes que as pessoas dão para ela”, conta o gerente administrativo Jair Duarte Ferreira. 
É um calendário bem diferente daqueles convencionais. Não tem só meses e dias da semana. Entre 365 diferentes nomes de santos, inspiração para muitos pais e mães. 
“Eu nasci no dia 14 de novembro, no dia de São Josafá. Meus pais puseram meu nome: Narcy Josafá Lemos”, conta o assistente administrativo Marcy Josafá Lemos 
Para muita gente, o que mais chama atenção na folhinha de Mariana, não são os meses, nem os dias da semana. É o regulamento do tempo. É possível saber se vai chover ou fazer sol durante o ano inteiro. Isso graças a estudos feitos a partir de um livro de 1910, um Lunário Perpétuo. Existem tabelas com cálculos para descobrir a previsão do tempo. 
Quem mora em Mariana garante que ela não falha. Tem até um ditado popular que diz assim: é mais fácil em galinha nascer dente do que a folhinha de Mariana errar. 
“Ligam dizendo que a folhinha acertou, a minha filha casou nesse dia, olhei na folhinha, deu sol de verdade. Você nunca vê alguém ligando para reclamar que a previsão falhou. Quando acontece alguma coisa as pessoas até brincam comentando. Não foi a folhinha que errou, foi o tempo”, brinca o gerente administrativo Jair Duarte Ferreira. 
“É quase uma bola de cristal”, diz a dona de casa. 
A origem de tanta sabedoria é mesmo um mistério. O livro com as informações preciosas fica guardado em segredo. Mas isso não importa. O que vale mesmo, é comprovar o que está escrito na folhinha.

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