segunda-feira, 2 de fevereiro de 2015

DÉLICES GASTRONOMIQUE LE PARÁ VENDU EN IPANEMA NO Rio de Janeiro,SUD-EST BRÉSILIEN


Por dentro do Rio

Amazônia Soul: um pouquinho do Pará em Ipanema

por Constance Escobar em
Jamais me esqueço da primeira vez em que passei na porta da Amazônia Soul, na Praça General Osório. Diante da lojinha que se diz porta-voz dos sabores da região amazônica, parei, olhei e tive a impressão de ser uma armadilha pra pegar incautos – de preferência, turistas. Naquela altura, eu  jamais havia estado minimamente perto da Amazônia (e, nesse ponto, era tão estrangeira quanto qualquer gringo), mas tinha grande curiosidade por alguns de seus pratos típicos e, portanto, apesar de toda a desconfiança, quando vi que serviam maniçoba, entrei. Ressabiada, mas entrei.
Maniçoba, a "feijoada amazônica"
Naquele fim de tarde remoto, experimentei pela primeira vez a feijoada amazônica, feita, basicamente, com as mesmas carnes da feijoada que comemos por aqui, mas usando a folha da mandioca brava (a maniva) no lugar do feijão. Sabor difícil pra muitos paladares, mas que ao meu agradou – numa mistura de estranheza e encantamento, confesso. Aguçou a curiosidade que já existia em mim a respeito da cozinha da região. Ainda bebi suco de muruci, frutinha amarela que, acreditem, tem algo de queijo em seu sabor, o que desagrada muita gente, mas que tem em mim uma fã (embora o suco de bacuri continue sendo, de longe, o meu favorito). Encerrei com sorvetes da marca Cairu, mais que uma sorveteria, uma verdadeira instituição em Belém. Já os conhecia e já os considerava dos melhores sorvetes que experimentei no Brasil (especialmente, o de bacuri e o de açaí). Foi com esse delicioso reencontro que se deu o desfecho de uma noite que me deixou, no mínimo, curiosa, intrigada a respeito daquela pequena loja e da suposta autenticidade de seus produtos.
Suco de bacuri
Sorvetes Cairu
Voltei algumas vezes. E encontrei sempre (além, claro, dos muitos gringos que não faziam ideia do que comiam) paraenses às mesas, comendo seus tacacás, suas maniçobas, seus açaís. O que me pareceu, de certa forma, um atestado da procedência do que se serve ali. Eu mesma me vi retornando à loja, alguns dias atrás, recém chegada do Pará,  na ânsia de reencontrar alguns dos sabores que me fascinaram por lá. Soube, lá mesmo em Belém, que o dono (ou um dos donos) da loja, de fato, vai regularmente à cidade e de lá traz consigo tudo o que se vende na Amazônia Soul.
Tacacá
É indiscutível que a viagem castiga a comida que vem de lá pra ser vendida aqui. Comer uma maniçoba que foi congelada, por mais que seja boa, não é o mesmo que comê-la recém preparada, com os sabores todos ainda bem vivos e aprisionados numa tigelinha fumegante. A experiência de tomar um soberbo açaí às margens do rio Guamá dificilmente poderá ser reproduzida num quarteirão de Ipanema, por mais que o açaí que se sirva ali seja grosso e devidamente acompanhado de farinha de tapioca, sem os tantos outros adereços a que nos acostumamos por aqui.  Bem como me parece que o tacacá na Amazonia Soul é algo diluído, menos forte que o original, mais domado, se é que me entendem. E os sorvetes Cairu, por sua vez, sofrem, inegavelmente, com a oscilação de temperatura a que são submetidos e perdem um tanto da sua cremosidade.
Açaí na tigela...
...com farinha de tapioca, como deve ser.
Mas um pouco que seja da essência daqueles sabores está, de alguma maneira, mantida ali. E é isso que permite que se realize o que, a meu ver, é o maior mérito da loja. Fazer uma ponte praqueles que ainda não estiveram na região. Dar a conhecer parte do que está posto naquelas mesas que nos parecem tão distantes – e eu não falo só de comida, mas, necessariamente, de cultura.  Despertar interesse – ou aguçá-lo nos que já o têm. E, claro, de certa forma, acolher os filhos daquela terra, que, por algum motivo, vieram parar aqui e sentem prazer em debruçar sua saudade numa cuia de maniçoba ou de tacacá.

Numa das últimas visitas, não resisti a puxar assunto com a senhorinha septuagenária sentada ao meu lado. Desandou a falar da sua Belém natal, que, naquele momento, estava claramente representada na tigelinha de açaí que ela saboreava. Um tantinho aguado, sem toda a intensidade que dá fama ao fruto, mas melhor do que a média do que se encontra por aqui. Bom o suficiente pra fazê-la, a cada colherada, dar um pulinho no Pará e voltar. Ali mesmo, sem sair de Ipanema.
Amazônia Soul – Rua Teixeira de Melo 37 (esquina com Prudente de Morais, em frente à Praça General Osório).
FONTE:http://viajeaqui.abril.com.br/blog/por-dentro-do-rio/amazonia-soul-um-pouquinho-do-para-em-ipanema/ 

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