quarta-feira, 5 de setembro de 2012

Gaspar Vianna,um Paraense Histórico!

Gaspar Viana

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.

Gaspar Vianna em laboratório do Instituto Oswaldo Cruz. Rio de Janeiro, [19--].
Gaspar de Oliveira Viana (Belém do Pará, 11 de maio de 188514 de junho de 1914) foi um médico patologista brasileiro, nascido em Belém do Pará deu grande contribuição à Medicina Tropical, iniciou as pesquisas, até então desconhecida sobre a leishmaniose.

Outras Informações sobre o histórico Dr. Gaspar;

Gaspar Vianna: gênio e mártir da ciência.

A rua Benjamin Constant, no bairro do Reduto, entre fins do século 19 e começo do 20, era praticamente um bosque, com suas árvores frondosas e trilhas que muito lembravam a exuberância do Bosque Rodrigues Alves. Nesse cenário bucólico, nasceu a escritora Eneida de Moraes, que décadas depois rememoraria a infância em muitas crônicas. Foi lá também que nasceu e cresceu uma das maiores personalidades da medicina nacional e internacional, o orgulho do Pará e que, modéstia à parte, podemos chamar de gênio: Gaspar de Oliveira Vianna. A residência onde nasceu o menino inteligente e aplicado ainda está de pé e hoje abriga o Colégio Dom Bosco. Uma placa de pedra em homenagem a ele está encrustada no muro externo da instituição, com os dizeres “aqui nasceu o grande feitor da humanidade e mártir da ciência Gaspar Vianna”. Bem que a Benjamin Constant poderia se chamar Gaspar Viana...


Em sua adolescência mergulhada em curiosidades, dúvidas e muitos livros acerca da ciência, Vianna concluiu o ensino secundário (ensino médio) no Colégio Estadual Paes de Carvalho, instituição que já foi homenageada pelo Orgulho do Pará e que, notadamente, teve como alunos outros grandes nomes da história paraense. Foi nesse lugar que nosso personagem começou a se interessar pela medicina o que, posteriormente, o levaria, já médico, a descobrir a cura de uma doença considerada incurável no começo do século 20: a leishmaniose.

Obstinado por seu sonho profissional, Gaspar Vianna mudou-se para o Rio de Janeiro, em 1903. Na época a então capital do Brasil efervescia com verdadeiras revoluções urbanistas de sua paisagem e as preocupações do prefeito Pereira Passos se estendiam às questões sanitárias e às doenças que assolavam a população. O médico Osvaldo Cruz fora nomeado pelo presidente da República, Rodrigues Alves, para a missão de acabar com a peste bubônica, através do Instituto Soroterápico Municipal, com sede no Rio. Neste mesmo ano, ele foi designado ao cargo de diretor geral de Saúde Pública e passou a dirigir campanhas de combate à febre amarela e a varíola, doenças sem controle na época. Esse período de estudos e evolução na área médica ficou conhecido como “Sonhos Tropicais”, uma denominação emprestada por um médico, mas também mestre das letras: o escritor Moacyr Scliar.

Era um começo desafiador para um jovem de 18 anos, órfão de pai, o português Manoel Gomes Vianna, e que contava apenas com o apoio a mãe, Leonor Jesus de Oliveira, um irmão mais velho e duas irmãs. Logo no primeiro ano na Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro chamou a atenção do professor de histologia, Eduardo Chapot Prévost. O paraense passou a contribuir ativamente com as aulas do mestre, emprestando a este sua coleção de lâminas para o ensino da matéria. Com o histórico escolar repleto de notas máximas, e já no quarto ano do curso, Gaspar Vianna recepcionou a família que foi juntar-se a ela no Rio.

Junto com o irmão, Arthur, montou um laboratório de análises clínicas no Largo da Carioca, bem no centro da cidade e próximo ao hospital da Santa Casa de Misericórdia. Movido pela vontade de aprender, Gaspar passou a frequentar esse hospital. Diariamente, percorria enfermarias, fazia necropsias. Por fim, já estava dando aulas aos próprios colegas de turma para ajudá-los a passar nas provas do rigoroso professor Chapot Prévost. Entre esses “alunos” de Vianna estavam outros nomes que deram grandes contribuições à medicina do país: Magarino Torres, estudioso da doença de Chagas, e Lauro Travassos, pináculo da helmintologia e entomologia no Brasil.

As descobertas na área médica não cessavam. Em 1907 a febre amarela foi extinta no Rio e a doença de Chagas era descoberta. Ao mesmo tempo, Gaspar Vianna, ainda estudante de medicina, passou em primeiro lugar no concurso para o Hospital Nacional de Alienados. Foi lá que encontrou seu conterrâneo, Bruno Álvares da Silva Lobo, com quem dividiu muitas experiências e aprendizados. Os dois assinaram, Vianna como co-autor, a autoria do livro “Estrutura da célula nervosa”. Essa passagem foi a estreia dele na literatura médica. O melhor mesmo veio em seguida, em 1908, quando foi convidado para ser o chefe do serviço de histopatologia do Instituto Oswaldo Cruz, um ano antes de completar o curso superior.



Devoção à ciência e morte prematura

O progresso trouxe a reboque a abertura de estradas ferroviárias, a partir de Bauru (SP) em direção ao Mato Grosso, o que acabou revelando uma série de epidemais como a “úlcera brava” ou “úlcera de Bauru”. Adolpho Lindenberg, Antonio Carini e Ulysses Paranhos foram os primeiros estudiosos a pesquisarem a moléstia, apontando seu agente como L. tropica.Por outro lado, Gaspar Vianna, em 1911, em suas observações, descobriu uma nova espécie desse agente, a qual chamou Leishmania brasiliensis, protozoária causador da Leishmaniose cutâneo-mucosa. Ele foi além, não restringindo seus estudos à proposição da espécie e assim descobriu o tratamento da doença. Em 1912, Vianna comprovou que o tártaro emético ou antimonial era eficaz para conter a enfermidade, abrindo caminho para o uso da substância também no granuloma venéreo e na esquistossomose. Era o marco inicial da quimioterapia anti-infecciosa.

O trabalho de descoberta do patologista foi então publicado em alemão e teve repercussão mundial, com eficácia extraordinária comprovada no tratamento da leishmaniose cutâneo-mucosa e nos casos mais graves de leishmaniose visceral ou calazar.

Na sequencia, ele ainda realizou outros trabalhos importantes para a Medicina Tropical, a respeito da blastomicose e outros micoses, e ainda sobre a evolução do tripanossoma cruzi nos tecidos humanos e de animais. Aos 29 anos, em 1914, nosso herói morreu vítima de sua própria devoção à ciência. Enquanto fazia a necropsia de uma cadáver, uma incisão acidental fez com que ele adquirisse uma grave infecção turbeculosa que evoluiu para granulia e meningite, falecendo portanto dois meses depois, no dia 14 de junho daquele ano.

“Para tudo o que fez, tendo em conta a vida curta que viveu, precocidade e pressa foram palavras definitivas que selaram seu destino. Precocidade, em função do gênio de investigador, cedo provado, e pressa, como na adivinhação do tempo reduzido de que disporia para sua realização científica, afortunada em sua essência, mas, alguma vez, incompleta em seu remate. Nos fastos da ciência médica, ele não morreu” - opina o professor de microbiologia e imunologia da Universidade Estadual do Rio de Janeiro, Ítalo Suassuna.



Por que se orgulhar?

Gaspar Vianna foi um médico patologista paraense, considerado mártir da ciência mundial. Descobridor da cura para leishmaniose cutâneo-mucosa, foi o responsável por outras valiosas contribuições para a Medicina Tropical no Brasil e no mundo. Seus feitos possuem valor inestimável para a humanidade!
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