EDIÇÃO ELETRÔNICA
Paraense se apresenta em festival de performance
Único representante
brasileiro em festival de performance, paraense Victor de la Rocque usa
arte para falar sobre mortes por conflitos agrár (Foto: Tongyu Zhao)
Apresentada pela
primeira vez em Chicago, na Defibrillator Gallery, em 2015, a
performance “The Amazônia Is Not Here”, do artista paraense Victor de la
Rocque, atravessou o mundo para participar do festival “The Performance
Arcade”, na Nova Zelândia, ao longo de uma semana. O trabalho é baseado
em dados da Pastoral da Terra sobre mortes por conflitos agrários no
interior do Pará, um cálculo de 645 pessoas mortas de 1985 – ano em que o
artista nasceu – até o ano de 2014.
“A performance aqui tem
uma certa diferença da apresentada nos Estados Unidos, pois eu fico
durante todo o período do festival, numa ação que dura em média 8h por
dia”, conta Victor por e-mail, ainda do outro lado do mundo. A
performance consiste em oferecer ao público uma arma de paintball e 645
balas, convidado a atirá-las em seu corpo por um determinado valor. O
dinheiro arrecadado é doado a uma ONG que trabalha diretamente com
tribos indígenas e em conflitos agrários.
E essa troca é intensa,
conta o artista. “Há uma necessidade declarada, percebida durante o
processo, do povo daqui de saber o que esta acontecendo aí [no Pará].
Não se trata apenas de um jogo de tiro ao alvo, mas um real diálogo
sobre processos políticos, direitos humanos, ativismo e reflexões gerais
sobre a vida e o cuidado ao outro. Muita gente chega ao espaço que eu
estou e simplesmente quer conversar e debater sobre isso, e para mim
essa troca é incrível e enriquecedora”, comemora.
O festival é um aclamado
evento de arte ao vivo que, desde 2011, atrai cerca de 40 mil pessoas
todos os anos para a capital da Nova Zelândia. A sétima apresentação do
“The Performance Arcade” contou com 18 artistas de sete países, sendo
Victor o único representante do Brasil.
Na performance, o artista permite que o público atire nele 654 balas em armas de paintball (Foto: Tongyu Zhao)
Artista usa desconforto para iniciar um diálogo
Victor de La Rocque
é um artista multimídia que trabalha na expansão de linguagens de
performance, sempre tentando provocar desconforto e iniciar um diálogo.
Seu trabalho foi apresentado em exposições e residências artísticas em
países como Portugal, França e Escócia.
Em sua primeira
participação no “Performance Arcade”, ele destaca que mais do que o
festival em si, sua ansiedade é conhecer a produção local do outro país e
suas inquietações. “Qualquer tipo de troca acrescenta muito na minha
produção e em minha vida, coisas que se misturam sem distinção alguma.
Esta experiência aqui na Nova Zelândia está sendo muito rica, pela
possibilidade de diálogo com artistas tanto daqui, como da Alemanha,
EUA, Austrália”, enumera. O artista chegou ao festival com apoio e
financiamento do próprio governo da Nova Zelândia. “O ‘The Performance
Arcade foi concebido para Wellington [capital da Nova Zelândia], a sua
casa espiritual, respondendo à sua cultura à beira-mar única, à sua
vibrante comunidade artística e ao valor que a cidade de Wellington
coloca nas artes”, destaca Sam Trubridge, diretor artístico e fundador do evento
(Lais Azevedo/Diário do Pará)
FONTE: http://www.diarioonline.com.br/entretenimento/cultura/noticia-400940-.html
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