Justiça concede Habeas Corpus para dinamarquesas foragidas no Brasil
Mulheres relataram a advogada que sofriam violência doméstica.Apesar da decisão, dupla ainda é considerada foragida.
22/03/2017 21h46
- Atualizado em
22/03/2017 21h46
A justiça concedeu habeas corpus para as dinamarquesas Angelina
Maalue Avalon Mathieses e Lisbeth Markussen, procuradas pela Interpol
por terem fugido para o Brasil com seus respectivos filhos após
denúncias de violência doméstica em seu país natal. A medida foi
determinada na noite de terça-feira (21) pelo Tribunal Regional Federal
(TRF-1), mas divulgada nesta quarta (22) pela advogada de Angelina,
Luanna Tomaz.
"Ambas sofriam violência doméstica na Dinamarca. O problema é que o país tem uma lei de responsabilidade parental bem mais dura, que obriga, mesmo com denúncia de abuso, que o pai visite e permaneca com a criança. E quando a mãe passa a denunciar o abuso ela perde o direito de guarda, pois é vista como mãe não cooperativa", explica Luanna Tomaz, advogada de Angelina.
"A Angelina chegou a ficar mais de seis meses em abrigo, tem evidências da violência, mas as autoridades questionavam estes relatos. Com a Lisbeth ocorreu a mesma coisa. Elas passaram por essa violência institucional, viram que não tinha retorno das autoridades e decidiram fugir", destaca.
Fuga para o Brasil
Segundo Luanna, Angelina e Lisbeth fugiram para o Brasil por se sentirem desamparadas pela lei da Dinamarca. "Há documentos da união européia que apontam que esta lei não protege as crianças e viola direitos das mulheres", disse a advogada. "Elas são silenciadas".Para viajar ao Brasil, Angelina e Lisbeth partiram de carro pelas estradas da Europa e atravessaram vários países. Lisbeth foi primeiro, em julho de 2015. Pegou um avião em Viena e passou pela República Dominicana, seguiu até o Peru e, por fim, até o Acre, por onde entrou no Brasil. Já Angelina fugiu depois, em março de 2016. Cruzou o Atlântico até a Guiana e, de lá, por Roraima.
Elas se encontraram em Manaus e decidiram vir juntas para Belém. A viagem foi feita de barco e durou cinco dias. As duas decidiram se estabelecer na ilha de Mosquêiro, localizada a 72 km de Belém, um balneário com 28 mil habitantes.
Angelina e Lisbeth procuraram uma região da ilha que tivesse pouca gente morando. O refúgio delas foi na praia de Marauh, onde se hospedaram em uma pousada de frente para o rio. Na pousada, elas se identificaram como holandesas, disseram que eram irmãs, e que vieram ao Brasil para escrever um livro.
Moradores que tiveram contato com as duas disseram que Lisbeth era um pouco mais reservada, enquanto Angelina e os filhos logo conquistaram a simpatia da vizinhança.
Próximos passos
Apesar do habeas corpus, que impede a prisão imediata das dinamarquesas, ambas ainda são consideradas foragidas da justiça. "Hoje não há ordem de prisão, mas elas ainda estão em situação frágil pois não tem permanência legal no Brasil. Vamos entrar com o pedido de refúgio para que possam permanecer no país", destaca a advogada.
O problema, segundo Luanna, é a exigência burocrática. "O pedido de refúgio deve ser feito pessoalmente", conta a advogada, que acerta os detalhes para que sua cliente cumpra a exigência legal nos próximos dias.
Pai exigem ver filhos
Depois de dois meses sem notícias do filho, Vladimir - pai de um dos filhos de Angelina - contratou um detetive particular e foi seguindo a pista que os pais de Aia e Leonardo descobriram que Angelina estava no Brasil."Eu não me preocupo se Angelina vai ser presa, esse não é meu problema. Eu só quero as crianças de volta", diz Vladimir em entrevista ao programa Fantástico da Rede Globo.
FONTE: http://g1.globo.com/pa/para/noticia/2017/03/justica-concede-habeas-corpus-para-dinamarquesas-foragidas-no-brasil.html
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