sábado, 31 de janeiro de 2015

MELIPONILCULTURA PARAENSE

ESPÉCIES MAIS COMUNS NO PARÁ
Veja aqui algumas das mais de 100 espécies diferentes de meliponíneos existentes na Amazônia.

Abelha-mosquito, Mosquito-amarelo (PA), Jataí (Brasil)
Tetragonisca angustula angustula

Encontradas em quase todo o território nacional, são abelhas muito pequenas, cujo tubo de entrada, bastante característico, éfeito de cêra, mede de dois a quatro centímetros de comprimento, e tem coloração amarelo claro. Produz pouco mel, cerca de meio litro por ano. Seu mel é bastante apreciado e culturalmente acredita-se nos seus poderes medicinais. É usado por muitos amazônidas na cura de cataratas e "carne-crescida" nos olhos, por este motivo o mel produzido por essas abelhas é bastante procurado e valorizado. T_augustula

Jandaíra, uruçu-cinzenta (PA), japurá (AM)
Melipona manaosensis Schwarz 1932

Facilmente encontrada nos municípios de Monte Alegre, Santarém e Belterra. Nesse último, essas abelhas nidificavam nas paredes das casa, construídas em 1930-40 pelo projeto da companhia Ford. O nome popular jandaíra, mesmo nome dado à espécie nordestina M. subnitida, foi trazido do nordeste pelos migrantes dessa região. Morfologicamente essa espécie é muito parecida com M. fasciculata. Em Schwarz (1932), esta espécie era considerada como subespécie de M.compressipes. Os ninhos são parecidos com os de M. fasciculata, mas diferem no tamanho da população, orifício de entrada e no tamanho e espessura dos potes, que em M. manausensis é mais espesso e rígido, e em M. fasciculata, nos períodos de grande florada, é mais fino, flexível e feito de cera quase pura. M_manaosensis

 Taquaruçu, uruçu-de-canudo, uruçu, jandaira (PA)

Melipona seminigra Friese, 1903

Espécie muito produtiva na região do Tapajós, pouco agressiva, de hábitos higiênicos e de famílias numerosas. Sua principal característica é a entrada do ninho, em forma de corneta e borddenteada ricamente ornada com resina. Em caixas muito fortes essas abelhas depositam grandes quantidades de resina em volta da entrada, formando grãos translúcidos e brilhantes, semelhantes a grãos de areia grossa. Seu mel é muito saboroso e produzido em grande quantidade pelos criadores de Belterra, PA. Essa espécie utiliza esferas de 12-16 mm, muito duras, confeccionadas com barro e resina para obstruir a entrada de seu ninho. Esta prática é utilizada para defender a colônia contra abelhas invasoras. As esferas são produzidas em grande quantidade e armazenadas próximas do orifício de entrada ou próximas de aberturas feitas para a retirada de mel pelos meliponicultores. M_seminigra

Uruçu-amarela (PA)
Melipona flavolineata Friese 1900

Geralmente é encontrada na base de troncos de árvores. Como na região Bragantina são encontradas principalmente árvores grossas próximas dos igapós (matas ciliares ou parcialmente inundáveis), é ali que hoje encontramos a maioria dos ninhos naturais desta espécie. Sua entrada é bem característica formando uma pequena plataforma com a borda recortada. Quando o ninho fica forte estas abelhas são muito agressivas, defendendo sua colméia com muita coragem. Recomendamos que no manejo dessa espécie, sempre seja utilizado um véu de filó sobre a cabeça, e que elas sejam criadas em suportes individuais.
 M_flavolineata

Uruçu-boca-de-renda-do-Pará

Melipona seminigra pernigra Moure & Kerr 1950

Abelha pouco agressiva, de hábitos higiênicos e de famílias numerosas. Sua principal característica é a entrada do ninho com as bordas denteadas. Algumas espécies acumulam grande quantidade de resina em torno da caixa. Sua entrada assemelha-se com a Melipona seminigra do Tapajós, só que mais curta.
 M_seminigra_pernigra

Uruçu-boi (Brasil)
Melipona fulliginosa

Maior meliponíneo do mundo. Difícil de ser criada em caixas racionais. Espécie relativamente rara fora da região Amazônica. É agressiva e pode invadir e roubar ninhos de outras abelhas sociais, incluindo Apis mellifera. Devido a sua difícil adaptação em caixas de criação, recomenda-se a não retirada destes ninhos da natureza.
 Urucu_boi

Uruçu-da-bunda-preta

Melipona melanoventer

Abelha agressiva, podendo invadir colônias de outras espécies de Meliponas. Suas operárias são muito parecidas com as da Melipona seminigra do Tapajós, contudo, sua entrada é simples, sem a ornamentação característica do grupo das seminigras. É excelente polinizadora de flores com anteras poricidas que necessitam de vibração para o deslocamento dos grãos de pólen.
 M_melanoventer
FONTE:GOOGLE.

ABENÇOADA CANA-DE-AÇÚCAR!!!

Benefícios da cana de açúcar para a saúde

Escrito por mallory ferland | Traduzido por agmar vitti
Caldo de cana
Mallory Ferland
Pode soar esquisito a princípio, mas o caldo de cana faz bem à saúde. Embora composto quase que totalmente por açúcar, ele possui o açúcar bom; o não refinado. Ele é principalmente consumido no Brasil, na Índia e no sudeste asiático, embora atualmente cerca de 200 países cultivem a cana. O caldo de cana tem um papel importante na cultura e na gastronomia destas regiões; um dos principais indícios de que deve haver algo a mais do que somente um gosto adocicado nessa bebida para que ela seja mantida na dieta de diversas culturas por tanto tempo.

O que é caldo de cana?

A cultura da cana de açúcar, para aqueles não familiarizados com ela, tem a aparência de um campo de grama alta. É um tipo de grama, embora uma observação mais precisa revele que o caule da cana se parece mais com o do bambu: grosso e resistente. A diferença, porém, entre a cana e o bambu, como você pode imaginar, é que ela contém açúcar. Não é o açúcar branco e refinado que conhecemos, mas o bruto. O caldo pode ser extraído do caule da planta quando sugamos ou mastigamos sua ponta. Para ser extraído em grande quantidade, a cana deve ser comprimida por uma máquina ou um extrator industrial.

Comparações entre açúcar refinado e açúcar bruto

O caldo de cana é o açúcar na sua forma básica: bruta. O açúcar não refinado é naturalmente saudável para o corpo, pois contém nutrientes e minerais. Ele se apresenta na cor marrom e possui cristais de tamanho muito maior que os de grãos de açúcar branco. O açúcar refinado tem os nutrientes e minerais removidos durante um processamento semelhante ao "branqueamento" da farinha de trigo. O açúcar refinado é carboidrato puro, não contendo qualquer outro valor nutricional e, durante o refinamento, adquire produtos químicos artificiais como ácido fosfórico, dióxido de enxofre e ácido fórmico.

Benefícios para a saúde I-

Uma vez que o açúcar bruto não contém açúcares simples, o caldo de cana tem um índice glicêmico (o efeito que um carboidrato exerce nos níveis de glicose no sangue) relativamente baixo, o que mantém o metabolismo do organismo saudável e ajuda a manter um peso corporal saudável. Aproximadamente, uma colher de chá de açúcar bruto contém apenas 11 calorias. Os minerais naturais e vitaminas encontrados na cana, como fósforo, cálcio, ferro, magnésio e potássio excedem com vantagem as calorias contidas no caldo. O caldo de cana é uma substância alcalinizante e, portanto, tem efeito benéfico no combate ao câncer. Estudos têm comprovado sua eficácia no combate às células cancerosas causadoras na próstata e seios. Além disso, ele é excepcionalmente benéfico na reidratação do organismo, uma vez que ele resfria o corpo ao mesmo tempo que fornece energia por meio de uma grande quantidade de carboidratos benéficos e proteínas. Os nutrientes encontrados no caldo da cana são benéficos ao funcionamento dos órgãos internos, incluindo rins, coração, cérebro e órgãos sexuais.

BENEFÍCIOS PARA A SAÚDE II-
Caldo de cana ou garapa é o nome que se dá ao líquido extraído da cana-de-açúcar no processo de moagem; assim, quando espremida, a cana fornece um caldo de cor esverdeada e paladar muito apreciado. Rico em sacarose, o maior consumo de cana-de-açúcar na população é na forma de bebida, - caldo de cana - puro ou acrescido de limão ou abacaxi, e muito bom para pessoas que fazem exercícios, ele repõe as energias. O caldo da cana conserva todos os nutrientes da cana-de-açúcar, entre eles minerais (de 3 a 5%) como ferro, cálcio, potássio, sódio, fósforo, magnésio e cloro, além de vitaminas do complexo B e C. A planta contém ainda glicose (de 2% a 4%), frutose (de 2% a 4%), proteínas (0,5% a 0,6%), amido (0,001% a 0,05%) ceras e graxos (0,05% a 0,015%) e corantes, entre 3% a 5%. Além desses, o caldo de cana é composto por antioxidantes: ácidos fenólicos (cafêico, sináptico e isômeros do ácido clorogênico), flavonóides (apigenina, luteolina e derivados de tricina) e outros compostos fenólicos. O caldo de cana tem sido utilizado como suplemento alimentar natural para a reposição de glicogênio muscular quando da prática de atividades físicas. O consumo também auxilia na hidratação por conter sódio e potássio, ajuda a restaurar o sistema imunológico pela quantidade de vitaminas que apresenta e, unida a frutas como o maracujá, o morango e o limão, entre outras, é um excelente antioxidante que ajuda a proteger as membranas de nossas células. Hoje já se sabe que ele é excelente para atletas de futebol.
BENEFÍCIOS PARA A SAÚDE III-
 
Chupar a cana-de-açúcar, entre outros alimentos, como coco verde e a maçã com casca auxiliam no desenvolvimento da arcada dentária, principalmente para pessoas portadoras de deficiência física, neurológica, auditiva, visual, até mesmo diabetes e as diversas síndromes, situações em que o exercício de mastigar é mais necessário; além dos benefícios das propriedades nutricionais que a cana-de-açúcar oferece.

Caldo de cana e diabetes

Uma vez que o caldo de cana não contém açúcares simples, ele pode ser apreciado por diabéticos sem preocupação. Nos estudos sobre diabetes e perda de peso, a adoção do caldo de cana em substituição ao açúcar refinado e outros adoçantes mostrou resultados positivos na estabilização dos níveis de glicose, assim como na perda de peso.

Sugestões

Se possível, o caldo de cana deve ser apreciado mascando-se um talo de cana, ou comprando-o feito na hora de um vendedor. Se sua localização geográfica não permite nenhum dos dois, então procure alguns dos produtos à base de caldo de cana disponíveis. Para um sabor alternativo, o caldo de cana pode ser incrementado com limão, gengibre ou água de coco.
FONTE:GOOGLE.

CULTURA REUMATOLÓGICA

Banco de ossos: pouca gente sabe, pouca gente conhece

Ainda não se criou no Brasil a cultura da importância em doar ossos.
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Por Vanessa Navarro

Ainda não se criou no Brasil a cultura da importância em doar ossos.






O transplante de órgãos tem por objetivo principal preservar a vida de pessoas que necessitam de determinados órgãos de um doador comprovadamente com morte encefálica.

Na década de 1950, a Marinha Americana já fazia transplantes de órgãos para soldados mutilados pela guerra. No Brasil, a doação e o transplante de órgãos começaram a tomar força na década de 1990. No decorrer desse tempo, o Ministério da Saúde e o governo elaboraram diversas leis, resoluções e portarias regulamentando a doação e transplante de órgãos. Nos últimos anos, a doação dos chamados órgãos sólidos, como fígado, coração, pulmão, rim e outros vem crescendo uma média de 20% ao ano, e, assim, salvando milhares de vidas.

O Brasil está evoluindo (e muito) na doação de órgãos sólidos. No primeiro semestre de 2011 foram realizados 3.329 transplantes de órgãos sólidos e mais de 7.000 transplantes de córnea. Basta dizer que do total de morte encefálica confirmada, 40% doam seus órgãos.

Isso não quer dizer que todos os órgãos serão aproveitados, pois antes de ser encaminhado para um receptor são realizados rigorosos testes para detectar possíveis doenças. Por outro lado, em relação à doação de ossos, a situação está estagnada e até com decréscimo de doadores. A doação de ossos segue os mesmos princípios da doação de órgãos, ou seja, basta autorização de parentes até de 4º grau. Não é preciso fazer a doação em vida. Via de regra são retirados os ossos longos como fêmur (coxa), tíbia e fíbula (perna) e ainda os ossos dos braços. O doador não fica mutilado, pois os ossos removidos são substituídos por outros materiais e a estética é preservada. É importante esclarecer que desde 2005 é permitida a doação e transplante de ossos. A retirada dos ossos segue os mesmos trâmites da remoção dos demais órgãos após autorização da família.

Ainda não se criou no Brasil a cultura da importância em doar ossos. Parte desse desconhecimento é por falta de maior divulgação e também porque muitos profissionais desconhecem essa possibilidade e sua utilização. Os ossos doados serão utilizados em pacientes que tiveram perda óssea, como tumores, mutilações e nos casos implantes odontológicos e outras situações. Nos casos de implantes em Odontologia, o transplante de ósseo é muito importante, pois evita o chamado implante autógeno (quando o osso é retirado do próprio paciente). Nos casos de implantes autógenos são realizadas duas cirurgias: uma para a retirada do osso e outra para a colocação no local desejado propriamente dito. Portanto, o risco de infecção e o tempo cirúrgico são maiores. Isso sem contar que muitas vezes o osso é retirado da bacia, sendo necessária nesses casos a realização com anestesia geral. É bem verdade que existe no mercado o osso bovino e outras alternativas para reposição óssea, mas, certamente, nenhuma substitui os benefícios do osso humano.

No Brasil, 70% do osso oriundo de doadores são usados em implantes. Os ossos, além de tudo, são isentos de rejeição, pois todas suas proteínas são removidas. Lembramos que todo o processo é rigorosamente controlado do ponto de vista de infecção. No Brasil temos atualmente seis bancos de ossos, todos ligados a instituições de ensino ou a serviços públicos. Esses bancos são supervisionados pela ANVISA e pelo Ministério da Saúde. Quando um paciente recebe o osso de um doador assina um documento obtendo todas as informações necessárias sobre o doador e pode ter acesso a todos os exames realizados.

Para poder requisitar um osso, o solicitante, no caso, o cirurgião-dentista, precisa estar credenciado junto ao Ministério da Saúde por meio do site do órgão, onde existem todas as informações para o credenciamento. O receptor precisa ser informado que não existem riscos de rejeição.

Um único osso pode beneficiar de 50 a 300 pacientes. Não obstante, o osso fica armazenado a 80º negativos por várias semanas. O osso pode ainda ser utilizado em pó ou em blocos, de acordo com a necessidade.

Quem critica a utilização de ossos nos implantes é porque desconhece o assunto. Na Associação Paulista de Cirurgiões-Dentistas (APCD), onde existe há 56 anos a Escola de Aperfeiçoamento Profissional (EAP), são realizados atualmente 10 cursos de implantes e muitas vezes encontramos dificuldade em obter a disponibilidade imediata de osso humano, por falta de doadores. Nesses casos, somos obrigados a buscar alternativas, como o osso bovino.

O osso humano é utilizado no mundo todo com grande sucesso. É preciso que o cirurgião-dentista acompanhe essa evolução e conheça seus benefícios.



Banco de dentes humanos

A criação de Banco de Dentes Humanos tem crescido nos últimos anos. A APCD, por meio da EAP é a única entidade classista que possui um banco de dentes humanos. Até pouco tempo não existia regras para a doação de dentes. O doador era desconhecido e muito menos era conhecido o destino do mesmo. Da mesma forma, a distribuição e o armazenamento dos dentes eram, de certa forma, empírica e cada banco seguia sua própria regra.

Em vista do crescimento desses bancos de dentes, tanto a Anvisa como o MS passaram a estabelecer algumas regras. A Resolução 347/2005 regulamenta o armazenamento e utilização de materiais biológicos humanos. O dente doado, segundo a legislação, deve ter o mesmo tratamento de qualquer órgão. Assim, o doador deve estar ciente para onde o dente está sendo encaminhado e qual será a utilização.

Recentemente, em setembro, foi criada a Associação Brasileira de Banco de Dentes Humanos. O objetivo dessa Associação é colaborar na documentação referente à doação de dentes. O Banco de Dentes humanos tem, entre outras finalidades, impedir ações criminosas, como utilização de dentes de ossadas, além de ceder dentes para pesquisa.






Artur Cerri
Especialista, Mestre e Doutor em Estomatologia pela USP. Diretor da EAP da APCD. Consultor Científico da Revista da APCD. Membro da Pierre Fauchard Academy. Ex-Presidente da Sociedade Paulista de Estomatologia e Câncer Bucal-SOPE. Professor Universitário há 38 anos na área de Estomatologia.

sexta-feira, 30 de janeiro de 2015

UM POLÍTICO HISTÓRICO QUE ATUOU NO ESTADO DO PARÁ

Antônio Lemos

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Antônio Lemos
Nome completo Antônio José de Lemos
Nascimento 17 de dezembro de 1843
Maranhão, Brasil
Morte 02 de outubro de 1913 (69 anos)
Rio de Janeiro, Brasil
Nacionalidade Brasileira Brasil
Ocupação Intendente de Belém
Antônio José de Lemos (Maranhão, 17 de dezembro de 1843Rio de Janeiro, 2 de outubro de 1913) foi um político e intendente brasileiro com base eleitoral no estado do Pará. Lemos foi o principal responsável pelo desenvolvimento urbano da cidade de Belém, tendo projetado uma série modificações que geririam a vida do cidadão paraense àquela época, sendo tratado como "o maior administrador municipal dos últimos tempos", além de ser dono do título de mais poderoso e recorrente mito político da Amazônia.1
Era filho de Antônio José de Lemos e de Olívia de Sousa Lemos, casado com Inês Maria de Lemos e pai de cinco filhos: Antônio Pindobussu de Lemos, Maria Guajarina de Lemos, Olívia de Lemos Lalor, Cecília Ierecê de Lemos e de Manuel Tibiriçá de Lemos (com alcunha de Duca Lemos), além de tio e sogro de Artur de Sousa Lemos, deputado e senador pelo Pará.

Biografia

Filho do casal Antônio José de Lemos e de Olívia de Sousa Lemos, Antônio José de Lemos nasceu em 17 de dezembro de 1843 no estado do Maranhão e mudou-se para a cidade de Belém, no Pará, quando jovem. Antes de ingressar na carreira política, Antônio Lemos trabalhou como criado de bordo da marinha, tendo sido este emprego o responsável pela sua ida à capital do Pará.2 Assim que chegou ao estado, Lemos logo conseguiu um emprego no jornal local, A Província do Pará, devido as suas habilidades de leitura e escrita. Com a morte do dono do jornal, Dr. Assis, Lemos adquiriu-o por um preço simbólico, mudando a sede do jornal para o edifício onde atualmente funciona o Instituto de Educação do Pará, transformando o periódico no terceiro em circulação do país naquela época.2 Os anos como editor do periódico, fizeram com que Antônio conquistasse a "confiança" e "destaque" frente a sociedade paraense, o que lhe facilitou em muito o ingresso para a vida política.
Lemos foi, inicialmente, vogalnota 1 de Belém, deputado estadual e até secretário de governo do estado, onde notabilizou-se por recepcionar e ser sensível aos apelos dos políticos do interior, enquanto que as outras autoridades os ignoravam, por os julgarem "políticos menores", e assim foi conquistando o respeito e o apoio de diversas autoridades.
Em 1897 chega ao ápice de sua carreira política, quando é eleito intendente (cargo correspondente hoje a prefeito municipal) da capital, Belém. Sua gestão ficou marcada pela galicização da cidade, pela edição de medidas que regravam os hábitos e modos urbanos, proibindo atos como cuspir em via pública, regrando as fachadas das casas, retirou cortiços do centro e inclusive fechou diversas casas que gerassem um nível desagradável de poluição sonora.

A construção da Paris n'América

Em 1902 completa seu projeto de construção da Paris n'América ou de Petit Paris, o projeto consistia na construção de diversos palácios, palacetes, bolsa de valores, grandes teatros, igrejas, necrotério, grandes praças com lagos e chafarizes, infra-estrutura sanitária, alargamento de vias, calçamento de quilômetros de vias com pedras importadas da Europa, construção da malha de esgoto nos principais bairros, aterramento de rios e córregos, a plantação de centenas de mudas de mangueira importadas diretamente da Índia nas novas avenidas e boulevards, a fim de construir túneis sombreados, tudo ao estilo da arquitectura francesa. O desafio foi delegado a um grupo de engenheiros de algumas nações europeias, inclusive aos responsáveis pela recente reforma urbanística de Paris.
Todas essas obras foram realizadas com verbas municipais, notadamente através de taxas e tributos recolhidos direta ou indiretamente de lucros auferidos com a produção, transporte, financiamento, venda e exportação da borracha de látex, produto extraído da seringueira (Hevea brasiliensis), é esse o período mais rememorado por historiadores paraenses: o Ciclo da Borracha, também conhecido como Belle Époque, ou ainda como primeiro boom da borracha. Devida a sua localização geográfica, Belém centralizava as exportações da Amazônia, e durante o Ciclo, a Amazônia respondia por 40% da pauta de exportações do Brasil, igualando-se, em valor, ao que São Paulo exportava durante o ciclo do café. Belém era a sede de residências da maioria dos barões da borracha e a empresários com negócios relacionados a cidade ou a logística de exportação do látex.
O planejamento de Antonio Lemos realizou reforma urbana e gerou beleza urbanística no centro da cidade e nas suas proximidades, até onde hoje é o bairro de Nazaré transitando para o bairro de São Brás; ordenou a expansão da cidade com a abertura de vias largas e quadras retas onde não havia cidade, área hoje compreendida pelos bairros da Pedreira e do Marco, sendo o segundo considerado o de melhor qualidade de vida da capital. Belém era invejada mesmo por brasileiros das zonas produtoras de café, retratada nos jornais do sudeste do país como uma verdadeira metrópole perdida na selva que Rio de Janeiro e São Paulo nunca conseguiriam construir, até que em 1905, o Rio de Janeiro realiza sua reforma urbanística com Pereira Passos.

Belém, cidade pioneira do Brasil

Na gestão lemista, Belém foi a primeira cidade do país a possuir energia elétrica, devido Lemos haver contratado profissionais diretamente de Londres para implementar a energia em Belém, quando foi criada a Pará Eletric and Railway Company, inclusive sendo esses mesmos ingleses responsáveis pela fundação do Pará Country Club, hoje simplesmente Pará Clube; o Pará foi o primeiro estado da nação a possuir plantações de café, através de sua importação direta da Guiana Francesa; foi a primeira cidade brasileira a possuir bondes elétricos; a segunda a possuir necrotério; o intendente costumeiramente contratava companhias europeias de teatro para apresentações em praça pública em Belém; a cidade também foi uma das primeiras a possuir bolsa de valores, demolida no governo Vargas para dar lugar a Praça do Relógio. Nessa época, quando a nação vivia sob uma economia de arquipélago, era mais fácil ir de Belém a Liverpool que ao Rio de Janeiro, por haver mais rotas para a Europa em detrimento dos destinos nacionais e a Belém manter mais relações com aquele continente que com o resto do Brasil.

O começo do fim

Porém o tempo conspirava contra a economia da borracha: após cerca de 14 anos no poder, em 1912 foi o começo do fim, a cotação internacional da borracha registra quedas preocupantes, começou a tornar-se um negócio menos atrativo, o governo municipal passou a arrecadar menos tributos devido a redução de tais lucros, começou a ficar difícil manter a mesma opulência e ostentação sustentada artificialmente sobre os lucros da borracha inflacionada, Belém começa a deixar de ser a capital dourada, título ostentado desde a reforma urbana. A gestão lemista sofre restrições orçamentárias, ficando difícil governar um menor orçamento para uma gestão acostumada a mais de uma década com fartura e abundância de recursos. No mesmo ano, o intendente é deposto por seus adversários, seguidores do então governador Lauro Sodré, arrastado por vias públicas, até que o famoso médico Camilo Salgado pede clemência por sua pessoa, mesmo assim, é obrigado renunciar a todos seus títulos e cargos. Antonio Lemos partiu para o Rio de Janeiro, assim como um exilado, onde teve apenas mais um ano de vida.

Os Lemos e a atualidade

A família Lemos sofreu uma dura perda com o fim da gestão lemista, porém existiu politicamente tendo como líder o senador Artur de Sousa Lemos até 1930, quando Getúlio Vargas acaba com a República Velha, nomeando Magalhães Barata para interventor do Pará. Na década de 1970, a prefeitura realizou uma homenagem aos Lemos, ordenando a exumação do corpo do ex-intendente no Rio de Janeiro e seu traslado até Belém, onde a população o aguardava para seu re-enterro no prédio da prefeitura, palácio construído por ele próprio e que inclusive ganhou seu nome.
Antonio Lemos não teve tempo, para ainda vivo, ver suas mangueiras adultas e frondosas como são atualmente. Hoje Belém é uma metrópole com 1,4 milhões de habitantes. O município possui 30% de sua área coberta por áreas verdes (o apontado como ideal por urbanistas), e percentualmente mais que outras metrópoles brasileiras, como São Paulo e Belo Horizonte; não teve tempo de ver suas largas avenidas preenchidas com as dezenas e dezenas de altos e modernos prédios que hoje compõem o Belém Skyline; não teve tempo para testemunhar o espanto que muitos turistas teriam com a megalomania urbana de Belém. Ruas, avenidas, museus, palácios, navios, estabelecimentos comerciais, entre outros, ganharam seu nome em homenagem às suas reformas radicais na paisagem da cidade.

Legado

Imagem do Palácio Antônio Lemos, sede municipal de Belém.
Mesmo após a sua morte, Antônio José de Lemos ainda é lembrado pelas suas construções e feitorias na capital do estado do Pará. A sede da prefeitura municipal de Belém recebe o nome de Palácio Antônio Lemos, em homenagem ao ex-intendente do município, principal responsável pela urbanização e desenvolvimento da cidade nos primórdios do século XX - durante a chamada Belle Époque brasileira. Além disso, Lemos é considerado o maior gestor municipal, o mais poderoso e recorrente mito político da Amazônia.1 2 O plano de urbanização municipal projetado por Lemos no final do século XIX e início do XX "é recordada pela população como um período o próspero da cidade".
Cquote1.svg Entendo o Lemos como uma pessoa muito inteligente e habilmente política. Ele tinha só o liceu, o que hoje corresponde ao ensino médio ou profissionalizante. Ele não era paraense, não pertencia a nenhuma família tradicional e não tinha feito curso superior no Brasil, muito menos no exterior.1 Cquote2.svg
Dentre outras coisas, Lemos foi responsável pela arborização e urbanização da cidade de Belém, evidenciada pela construção de boulevards, rede de saneamento e esgoto, pavimentação de ruas, além da criação de um código de postura, que era baseado no modo europeu de vida.1

Notas

  1. Cargo equivalente hoje a vereador

Referências

  1. Will Montenegro. Antônio Lemos deu um passo ao futuro (em português) Amazônia Jornal UFPA - Faculdade de História. Visitado em 29 de outubro de 2012.
  2. Letícia Paula de Sousa. Os mercados municipais e a Intendência (em português) OS MERCADOS MUNICIPAIS E A INTENDÊNCIA UEMA - Universidade Estadual do Maranhã. Visitado em 29 de outubro de 2012.

Ligações externas

A Belém do velho Lemos

Bibliografia

  • Ruas de Belém de Ernesto Cruz - editado pelo Conselho Estadual de Cultura do Estado do Pará; 1970

"UMA FRASE TÍPICA DAS VOVÓS DA AMAZÔNIA"

"BOA ROMARIA FAZ QUEM EM SUA CASA ESTÁ EM PAZ!"
-O que significa estar em "estado tranquilo,estado de graça",para quem fica em casa.Melhor do que estar seguindo a "romaria das fofocas,das drogas,do mundo da prostituição,da criminalidade e de outros sêgmentos negativos do mundo além-residência.Mas para quem sabe viver,sem sombra de dúvida,usa seu tempo livre em prol da positividade,como por exemplo passear,trabalhar honestamente,ajudar ao próximo,ír para a igreja,praticar esportes,absorver cultura numa biblioteca pública e só fazer coisas boas,sente-se bem índo para a rua,sabendo desfrutar de sua liberdade!!!
UM QUESTIONAMENTO:SERÍA ESTA FRASE ANTI-CATÓLICA,POIS QUEM INVENTOU A FRASE ESTARÍA INCENTIVANDO A PESSOA NÃO SEGUIR  A ROMARIA E SIM ESTAR EM SUA CASA?Sob o meu ponto de vista,não,pois foi criada sob uma linguagem figurada,como encontra-se acima explicada.Obrigado,e vaí uma música abaixo sobre o tema liberdade,por aqui abordado.

RESTAURANTE RURAL PRÓXIMO À CAPITAL AMAZÔNICA:BELÉM

SHOW DE BOLA "PLANETA TURISMO"!!!É DO PARÁ!!!

PRECIOSIDADE TURÍSTICA DA AMAZÔNIA RURAL

GOOD!MUITO GOOD!!!

quinta-feira, 29 de janeiro de 2015

DOCE MAR:IMENSIDÃO DE PRAIAS DE ÁGUA DOCE A PERDER DE VISTA NO PARÁ!!!

PRONUNCIA-SE:ILHA DE MÔSQUÊIRO!!!
UMA MARAVILHA!UM SANTUÁRIO DE VÁRIAS PRAIAS DE RIO COM "CARA DE MAR"!

SLACKLINE-ESPORTE PRATICADO NA PRAÇA BATISTA CAMPOS,A MAIS LINDA DA CIDADE DE BELÉM,NO PARÁ.

Slackline

 

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Question book.svg
Este artigo não cita fontes confiáveis e independentes (desde agosto de 2013). Por favor, adicione referências e insira-as corretamente no texto ou no rodapé. Conteúdo sem fontes poderá ser removido.
Encontre fontes: Google (notícias, livros e acadêmico)

Praticante de Slacklining.
Slackline é uma fita elástica esticada entre dois pontos fixos, o que permite ao praticante andar e fazer manobras por cima. Algumas variações de Slackline incluem “Waterline” (Slackline sobre água) e “Highline” (Slackline em grandes alturas, como por exemplo montanhas e pontes). Também existem “Trickline” (Slackline somente para fazer manobras) e “Longline” (Slackline de distancia longa, normalmente acima de 40 metros), entre outras variações.
O esporte iniciou-se em meados dos anos 80 nos campos de escalada do Vale de Yosemite, EUA. Os escaladores passavam semanas acampando em busca de novas vias de escalada e nos tempos vagos esticavam as suas fitas de escalada, através de equipamentos, para equilibrar-se e caminhar. O Slackline, também conhecido como corda bamba, significa "linha folgada" e pode ser comparado ao cabo de aço usado por artistas circenses, porem sua flexibilidade permite criar saltos e manobras inusitadas.
No Brasil, o Slackline foi bastante desconhecido por muitos anos até virou febre nas praias do Rio de Janeiro em 2010. Hoje em dia, a popularidade do esporte espalhou pelo Brasil inteiro. No Centro-Oeste do Brasil, mais precisamente em Aparecida de Goiânia, existe até um Centro de Treinamento de Slackline, conhecido entre os praticantes como CT GO!. É o primeiro Centro de Treinamento de Slackline da América Latina, inaugurado em 12 de dezembro de 2012.
O Slackline praticado em espaço indoor e com estrutura possibilita uma evolução segura dos atletas.O Centro de Treiamento oferece treino sobre colchões para a modalidade trickline.
Com apenas uma catraca de tensão e fita de 15 metros de comprimento e 5 cm de largura facilita a montagem sem precisar de nenhum equipamento adicional.

Campeonato

Trickline
Geralmente praticado a partir de 30cm de altura, o Trickline permite a realização de manobras de saltos e equilíbrio extremo, exigindo da rosca do ricci bastante preparo físico e treino.
Longline
Esta modalidade exige do praticante bastante condicionamento físico, pois quanto maior o comprimento da fita mais força muscular e equilíbrio são necessários, e também requer bastante concentração para manter-se na fita e vencer as suas dificuldades.E treinar a musculação motora .
Highline
Praticado em alturas superiores a 5 metros. Esta modalidade requer muita experiência ou 6 a 8 anos de prática e conhecimento de alpinismo, pois é necessário utilização de equipamentos de segurança e conhecimento técnico de sistema de redução exemplos cabos de aços.
Waterline
É a pratica do Slackline sobre as águas. Seja em piscinas, rios ou praias esta é a modalidade mais refrescante e descontraída, já que podem ser realizadas diversas manobras do Trickline e as quedas nunca serão mal desejadas.

Público Destinado

O Slackline é indicado para todas as idades. Desde crianças a partir de 05 anos à adultos com 80 anos. Muitos escaladores, skatistas e surfistas praticam o Slackline como uma forma divertida de treinar seu esporte, já que os movimentos e músculos usados são semelhantes aos realizados no Slackline.

Benefícios

O Slackline trabalha tanto o corpo quanto a mente. Fornece um ótimo exercício físico que fortalece todos os músculos do corpo, principalmente membros inferiores e região abdominal. Como usa uma fita elástica, é muito saudável no sentido de que não há impacto nas articulações, como ocorre em outros esportes como corridas. Este aspecto da elasticidade serve tanto para fortalecer as articulações quanto para prevenir ferimentos e lesões.
Os benefícios do Slackline vão muito além do físico. O esporte também trabalha muitos atributos psicológicos, principalmente o equilíbrio e concentração. Fazer Slackline requer um alto nível de disciplina e concentração, o que a pessoa aprende na fita e leva ao resto da vida, vivendo sempre em busca do equilíbrio saudável. Neste sentido, o Slackline é uma lição para a vida – parece uma coisa difícil, mas a pessoa vai aprendendo aos poucos. Faz os primeiros passos, e quer tentar mais para conseguir mais um. Desenvolve a paciência e capacidade de superar dificuldades, o que ajuda os praticantes em todos os aspetos da vida.
Ele possui benefícios físicos e também mentais. Destacamos o equilíbrio, concentração, consciência corporal, velocidade de reação e coordenação como os maiores benefícios do Slackline.

quarta-feira, 28 de janeiro de 2015

INVENÇÃO GENÍAL MADE IN RONDÔNIA!!!

VASO SANITÁRIO ECOLOGICAMENTE CORRETO

VASO SANITÁRIO ECOLOGICAMENTE CORRETO

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Uma privada ecológica, idealizada por um inventor brasileiro, pode revolucionar a área de saneamento básico. Durante seis anos, Mario Benedito da Silva, morador de uma área de garimpo em Rondônia, dedicou-se a pesquisar como fazer para que os dejetos não fossem lançados em riachos nem no solo e não contaminassem o meio ambiente. O despejo de efluentes in-natura nos rios é proibido por lei. E, como os garimpos têm buracos ou fossas, nas dragas, usadas como banheiro, os dejetos eram despejados diretamente nos rios, contrariando a legislação.

A partir da identificação do problema, o inventor criou, então, a privada ecológica, que transforma os dejetos em pó, pela ação da cal, que tem o poder de matar qualquer tipo de bactéria e promove o reaproveitamento dos resíduos. Segundo Mario Benedito da Silva, o material pode ser aproveitado na construção civil e como adubo para a terra. "Não polui solo, subsolo, lençol freático, camada de ozônio. E ainda reaproveita aquilo que era um grande problema, que é o rejeito humano, para a construção civil e, no campo, para adubo. Porque as fezes têm nitrogênio, fósforo, potássio, além da cal, que regula a acidez".
Com o apoio da Associação Nacional dos Inventores (ANI), ele iniciou uma pequena produção de 70 privadas para uma empresa que atua no garimpo em seu estado. As unidades vão substituir as fossas nas dragas. A empresa entrou com o material e Mario Benedito com a mão de obra. Além disso, o inventor já vendeu 50 privadas para moradores de Porto Velho, Roraima, e também do Amazonas e Amapá
 FONTE: http://www.cacaulandia.com/2012/11/vaso-sanitario-ecologicamente-correto.html

INVENÇÃO GENÍAL MADE IN PARÁ!!!


Ciência e Tecnologia
Portal Amazônia, com informações da Agência Pará
Atualizado em 28/01/2015 09:01:54

Agricultor do Pará inventa apanhador de açaí que substitui peconha

Agricultor estava insatisfeito com o trabalho arriscado e criou a vara de alumínio medindo três ou seis metros com um mecanismo na ponta


Foto: Cristino Martins/Agência Pará
BELÉM - Foram necessárias décadas e centenas de acidentes subindo as palmeiras de açaí para apanhar os cachos do fruto, mas apenas alguns meses para que um agricultor inventasse uma ferramenta que dispensa a tradicional peconha. O agricultor estava insatisfeito com o trabalho arriscado e cansativo. Subir na palmeira sujava, arranhava e ainda sujeitava os peconheiros a muitas ferradas de formiga. Edilson da Costa inventou, então, o Apanhador de Açaí.
Uma vara de alumínio medindo três ou seis metros com um mecanismo na ponta. “De um lado uso uma faquinha, que faz o corte; depois que deixo o cacho menos preso à palmeira, uso o outro lado, que tem um engate, e puxo a vassoura para baixo com uma corda que funciona como elevador. Faço isso em 30 segundos. Já consegui vender dez mostrando como se faz. Cada um custa R$ 300”, relata o agricultor. Tudo isso sem precisar subir, sem o galho ferir, sem a formiga atacar e sem ninguém cair. “Depois da peconha chegamos a usar uma vara com uma foice na ponta. Muitas famílias usam isso, para cortar e deixar cair. Uma vez o que caiu foi uma foice na mão da minha mãe. Olha o perigo”, diz Edilson da Costa.
Foi o próprio Edilson que produziu todas as peças, soldou, testou e regulou. “Houve erros, fui aperfeiçoando. Tem peconheiro que diz para mim que é mais rápido sozinho que usando o apanhador, mas sozinho eles não conseguem descer muitos cachos, fora que isso cansa muito mais”, argumenta.

Foto: Cristino Martins/Agência Pará

Wolverine 
Não bastasse Edilson acelerar o processo da colheita, ele também queria debulhar mais rápido. Surgiu, então, o Debulhador. “A gente tirava com o dedo, arrastando os galinhos do cacho até cair todos, mas isso feria a mão. Alguns eram duros e deixavam a mão preta. Então pensei que se tivéssemos uma garra, como aquele super-herói, o Wolverine, seria mais fácil. Pensei em fazer algo parecido, como um pente para escovar a vassoura do açaí”, conta o agricultor.
Edilson Costa é um dos agricultores orientados pela equipe da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Pará (Emater) no município de Abaetetuba, no Baixo Tocantins. Segundo o agrônomo Flávio Ikeda, técnico e pesquisador da Emater, a maior dificuldade de inserir o invento no meio rural familiar é o tradicionalismo. “As pessoas não querem largar a tradição da peconha, estão ligadas a isso e querem primeiro ver como funciona a invenção. Eu estava em uma visita à propriedade dele quando vi o que ele estava usando e começamos a conversar sobre isso. A invenção é fantástica e evita muitos problemas. Estamos começando na Emater um processo para auxiliá-lo a patentear a criação e até inserir no mercado. Ele já deve fazer umas dez para uma loja de Tomé-Açu”, relata.
O Açaí Açu é um tipo de açaí vindo do Amazonas, que tem uma palmeira só. A árvore não perfilia e produz cachos muito maiores que a palmeira comum. Para se ter ideia, são três cachos do tipo Açu para produzir duas rasas, que podem render doze litros do vinho grosso de açaí; já do tipo comum são necessários seis cachos para produzir uma rasa, que rende apenas seis litros. “Como essa palmeira é diferente, com cacho mais largo e mais duro para debulhar, já estou criando uma adaptação das ferramentas para podermos atender quem o produz”, completou o Edilson.
Caroço de açaí serve como lenha
O Pará tem cerca de 50 mil famílias vivendo de agricultura. Segundo o diretor técnico da Emater, Rosival Possidônio, a invenção de Edilson da Costa pode trazer melhorias a todas elas. “A gente orienta e leva as informações para as propriedades e produtores. A invenção acelera o serviço, o que vai gerar interesse inclusive dos grandes produtores. Vamos usar os recursos do fomento e viabilizar fontes de financiamento, e diminuir o custo da produção”, relata.
Assim tem sido com o uso do caroço de açaí batido como lenha, por exemplo. Tecnologia simples e barata, que a Emater tem incentivado entre os agricultores a usarem nas casas de farinha. É o caso de José Brandão Jr., agricultor que há dois anos passou a fazer farinha. “A gente produzia mandioca demais, uma parte até estragava. Então resolvemos fazer uma Casa de Farinha. Fui atrás dos fornos mecanizados e vi as vantagens de usar o caroço do açaí no lugar da lenha, que é mais barato e não agride o meio ambiente”, revela.
Em um dia fazendo farinha, para aquecer os fornos seriam necessários dez metros cúbicos de lenha. Com o caroço do açaí são cinco sacas, cerca de 40 quilos por dia. “Além da vantagem financeira, o sistema de ventoinha consegue direcionar a intensidade do fogo, o que diminui o risco de queimar. O caroço pode estar molhado que pega fogo do mesmo jeito, diferente da lenha. Depois ainda pego as cinzas e uso de adubo”, completa o agricultor.
FONTE:  http://portalamazonia.com/noticias-detalhe/ciencia-e-tecnologia/agricultor-do-para-inventa-apanhador-de-acai-que-substitui-peconha/?cHash=edc277370cf65a465d3dec96d6b16527

GASTRONOMIA AMAZÔNICA:TACACÁ!VOCÊ SABE?

Delícia da Amazônia - tacacá
Esta sopa tem um caldo feito com tucupí (molho feito de mandioca brava) e gôma (farinha de tapioca), para quebrar a acidez. As folhas de jambú dão um toque especial, pois anestesia levemente a boca. Para completar a receita, não podem faltar os camarões salgados. Os tacacás mais famosos daqui da "GRANDE BELÉM,A CAPITAL DO PARÁ",ficam com as vendedoras de comidas do "VÊR-Ô-PÊSO",a maior feira a céu aberto da América Latina,cartão-postal da cidade.Imprescindível visitar e saboreá-lo por lá!!!FICA A DICA.
Dos rios caudalosos e da floresta densa extraem-se ingredientes de sabor único. São peixes, frutos e plantas que geralmente levam nome indígena, de confundir qualquer forasteiro. Tucupí, tucumã ou tacacá? Conselho ao visitante que está confuso com as palavras: preocupe-se menos em memorizar os nomes e se aventure sem medo pelos sabores regionais como o agridoce mousse de cupuaçú, o anestesiante pato no(ou ao) tucupí e o refrescante guaraná.PESQUISEM PELO GOOGLE SOBRE ESSA ALIMENTAÇÃO EXTREMAMENTE PECULÍAR!!!

A VERDADEIRA FORTUNA DO NOVO SÉCULO:ÁGUA!!!


Água doce: O ouro do século 21

Por Eduardo Araia
O consumo mundial de água subiu cerca de seis vezes nas últimas cinco décadas. O Dia Mundial da Água, em 22 de março, encontra o líquido sinônimo de vida numa encruzilhada: a exploração excessiva reduz os estoques disponíveis a olhos vistos, mas o homem ainda reluta em adotar medidas que garantam sua preservação. De todas as moedas, a água é a que mais determinará a paz ou a guerra entre as nações no nosso século


É na árida e pedregosa área do Wadi (“riacho”, em árabe) Faynan, no sul da Jordânia, que arqueólogos britânicos e jordanianos estudam um precioso achado histórico. Evidências indicam que ali, entre 11.600 e 10.200 antes de Cristo, homens e mulheres se estabeleceram não por uma temporada ou estação do ano, mas em caráter permanente. Se a hipótese for confirmada, trata-se de um dos mais antigos assentamentos definitivos do mundo, no qual seus habitantes aprenderam a lavrar a terra e a criar animais. Ou seja: foi um dos primeiros momentos em que o homem deixou o nomadismo para se tornar sedentário – uma mudançachave no curso da civilização.
Mas por que uma área tão seca teria sido escolhida por esses pioneiros? O arqueólogo Steven Mithen, da Universidade de Reading (Grã-Bretanha) e um dos líderes da pesquisa, explica que a paisagem local era bem diferente naquela época. Havia vegetação, incluindo figos, legumes e cereais; havia cabras selvagens, cuja carne seria uma alternativa de alimento; o próprio clima era mais frio e úmido; e, naturalmente, havia água.

De toda a água existente do planeta, apenas 3% é doce, e a maior parte desse percentual está em geleiras. Mas o restante, se bem usado, pode abastecer a natureza e o homem.
A comparação do Wadi Faynan de hoje com o que teria sido há mais de 10 mil anos remete a uma questão atualíssima: o uso da água. Numa região que talvez nunca tenha apresentado abundância desse líquido, as demandas originadas por uma população crescente podem ter ajudado a secar a fonte que tornava a vida possível. Esse padrão insustentável continua em vigor nas mais variadas latitudes e torna a falta d’água um perigo mundial.
De acordo com os pesquisadores, os habitantes originais do Wadi Faynan devem ter seguido um roteiro bem conhecido nosso. Começaram por abater árvores para fazer abrigos e usá-las como combustível. O desmatamento descuidado, porém, levou a um ponto em que as chuvas, em vez de se infiltrarem em aquíferos e lençóis freáticos, devastaram o solo. Em seguida, as fontes foram secando. Enquanto isso, a necessidade de produzir mais alimentos levava os agricultores a desviar águas dos mananciais que resistiam para irrigar as lavouras. E o clima úmido e ameno do início foi se tornando cada vez mais seco e quente.
Para Mithen e seus colegas, o assentamento do Wadi Faynan foi abandonado pelo menos duas vezes. Uma grande mudança climática foi o motivo da primeira mudança; o agravamento da poluição justificou a segunda. Hoje em dia, os beduínos que habitam a área são obrigados a usar dutos por baixo do leito seco do riacho para succionar o que resta de água a fim de irrigar seus campos de tomates. Essa tarefa, porém, está cada vez mais complicada: as boas chuvas, que já vinham em anos alternados, têm despejado menos água do que no passado.
“O início das comunidades sedentárias é o início da necessidade de administrar suprimentos de água doce”, diz Mithen. “Esse é um ponto de partida para o nosso grande dilema moderno. De preocupação de indivíduos, passou para cidades, nações e hoje é um tema global.”
A Organização das Nações Unidas (ONU) calcula que cerca de 1 bilhão de pessoas não têm acesso à água potável e pelo menos 2 bilhões não conseguem água adequada para beber, lavar-se e comer. Viver com escassez de água é uma condição associada a milhões de mortes ao ano causadas por doença, má nutrição, fome crônica. Ao afastar meninos e meninas da escola, ela impede que as crianças e seus parentes e amigos tenham acesso a informações que lhes darão uma vida melhor.
A escassez de água e a pobreza criam uma armadilha da qual é difícil escapar. Cerca de dois terços das pessoas que não dispõem de água para suas necessidades básicas vivem com menos de US$ 2 por dia. “A variação da disponibilidade de água é forte e negativamente relacionada à renda per capita”, afirma Jeffrey Sachs, autor de Common Wealth: Economics For a Crowded Planet e consultor especial para o secretáriogeral da ONU.
Estoques desarranjados
Os efeitos do aquecimento global e a água do planeta
Índices pluviométricos mais variáveis
Mais enchentes
Mais secas
Degelo de glaciares dos quais 1 bilhão de pessoas dependem, por conta dos fluxos dos rios no verão
Aumento do nível do mar, com risco de inundação de comunidades costeiras, aquíferos de água doce, deltas de rios e mangues
Atualmente, a falta d’água já não é particularidade de países pobres. Na Califórnia, o governador Arnold Schwarzenegger declarou em 2008 a primeira seca estadual em 17 anos. A notícia não chega a surpreender muito porque parte do território californiano é desértica. Mais espantosa foi a estiagem no úmido sudeste dos Estados Unidos em 2007, que levou a prefeitura de Orme, no Tennessee, a liberar o consumo de água dos reservatórios municipais por apenas três horas diárias. Em maio de 2008, a prefeitura de Barcelona, pressionada pela maior seca de sua história, importou água de outras cidades (incluindo a francesa Marselha) para abastecer seus 3,2 milhões de moradores.
Nos últimos 50 anos, o aumento da população e as necessidades derivadas dele fizeram o consumo de água subir seis vezes. Mas a má gestão desse recurso tem diminuído os estoques aproveitáveis.
Seis anos seguidos de estiagens severas, iniciadas em 2002, já reduziram em 98% a produção de arroz da Austrália, e um relatório do governo local prevê que o sistema de abastecimento humano poderá entrar em crise se a situação não melhorar este ano. Segundo o texto, desde 1986 as secas ocorrem no país, em média, a cada dois anos, e as crescentes ondas de calor e mudanças do regime de chuvas podem tornar as secas parte permanente da paisagem australiana.
O crescimento populacional e a necessidade de abastecer as pessoas com água – incluindo aí uma atividade crucial, a agricultura – são fatores essenciais na questão, que o aquecimento global só vem agravar. Só para atender à produção de alimentos, o Banco Mundial estima que o consumo de água aumentará 50% por volta de 2030. Especialistas anteveem que, se nada for feito, bilhões de indivíduos se juntarão aos que já sofrem com a falta d’água. As decorrências disso serão doenças, fome, migrações e guerras.
De acordo com especialistas, a quantidade de água doce na Terra que não está presa nas geleiras da Antártida e da Groenlândia é de cerca de 10 milhões de quilômetros cúbicos, transitando entre a atmosfera e a terra, em ciclos de evaporação e precipitação, e encontráveis em depósitos como rios, lagos, glaciares, aquíferos subterrâneos e pântanos. Essa pequena fração do todo é mais do que suficiente, segundo os cientistas, para abastecer os 6,5 bilhões de habitantes do planeta. O geógrafo John Anthony Allan, do King’s College de Londres, estima que todos os terrestres precisam de “apenas” 8 mil km3 de água anualmente.
Pelos cálculos da ONU, cada pessoa necessita de 5 litros diários de água para sobreviver em um clima moderado, e no mínimo 50 litros por dia para beber, cozinhar, banhar-se e usar em higiene. O consumo doméstico representa 10% do volume da água usada pelo homem. A indústria utiliza o dobro disso, e a agricultura, sete vezes mais.
O aumento da população humana e as demandas que ele origina fizeram o consumo de água subir cerca de seis vezes nas últimas cinco décadas. A má gestão da água, por seu lado, tem reduzido os estoques aproveitáveis. Ao interromperem o livre fluxo dos cursos d’água em que se localizam, cerca de 845 mil represas em todo o mundo restringem a passagem de água e sedimentos para as comunidades rio abaixo e aumentam a evaporação. O desperdício com vazamentos atinge até 50% da água. Segundo a ONU, substâncias químicas e metais pesados despejados na água por indústrias e fazendas estão envenenando mais de 100 milhões de pessoas. E o regime de chuvas está mudando para pior em muitas áreas.
A ONU considera “escassez de água” a disponibilidade de menos de mil metros cúbicos anuais de água doce para cada pessoa. Essa medida põe cerca de metade da população mundial em países com escassez de água. A Jordânia está entre os mais atingidos: a média ali é de 160 m3 anuais de água doce por pessoa. O resultado disso é um severo racionamento. Os 2 milhões de habitantes da região metropolitana da capital do país, Amã, e das áreas agrícolas próximas só dispõem de água um dia por semana.
Por fim, existe a ameaça cada vez maior de conflitos pela posse de água. O líquido é um componente crucial no cenário do Oriente Médio, por exemplo: o ex-presidente da União Soviética Mikhail Gorbachev declarou na 3ª Conferência Mundial sobre Água, em 2003, que na história recente haviam sido travados 21 confrontos armados envolvendo água, 18 dos quais em Israel. Segundo o secretário-geral da ONU, Ban Ki-Moon, a guerra em Darfur (Sudão), que já levou à morte mais de 200 mil pessoas, começou com uma “crise ecológica provocada por uma alteração climática”.
Se o líquido sinônimo de vida já adquiriu tamanho valor, por que continua a ser desperdiçado? O primeiro motivo é óbvio: quem tem dinheiro consegue a preferência. Países ricos em petróleo no Golfo Pérsico possuem usinas de dessalinização, enquanto os palestinos sofrem com a água escassa. O rico sul da Califórnia e a meca do jogo, Las Vegas, estão em áreas desérticas, mas ostentam inúmeras piscinas e fontes. Enquanto a população de Amã sofre com o racionamento de água, os turistas hospedados nos principais hotéis da cidade não têm restrição alguma de consumo.
Outro fator importante é a crença da maioria das pessoas de que a água é um “bem comum”, que não pertence a ninguém em especial. Um agricultor não se acanha em desviar parte do fluxo do rio próximo para irrigar sua plantação, porque vai pagar nada ou pouco por isso. A mesma crença está por trás de gestos como lavar a calçada com mangueira ou deixar a torneira aberta enquanto escova os dentes. O baixo custo do serviço incentiva o desperdício e desestimula investimentos na área.
O terceiro motivo está nos subsídios dos países ricos a seus agricultores, cuja produção de grãos, assim impulsionada, origina estoques gigantescos a preços mais baixos. O impacto dessa característica foi vislumbrado por John Anthony Allan. Ele se perguntou por que nações do Oriente Médio com escassez de água não mostravam sinais mais evidentes de uma crise em relação ao líquido e descobriu que elas “importavam” água dentro dos alimentos que adquiriam para seu abastecimento. O conceito de “água virtual” criado por Allan é a fórmula que calcula a quantidade de água necessária para a produção de qualquer alimento ou manufatura (ver tabela à pág. 49).
Por fim, há uma evidente desproporção entre o que é extraído e o volume de reposição disponível, sobretudo a partir do século passado. A falta de atenção a esse detalhe já custou, por exemplo, a saúde do Mar de Aral, na Ásia Central, que começou a secar nos anos 1930 com o desvio das águas de seus tributários para irrigar plantações de algodão. O surgimento de poderosas bombas de sucção, na segunda metade do século 20, piorou ainda mais a situação. O resultado disso é a queda substancial dos estoques de água em importantes regiões agrícolas, como a planície norte da China, o Punjab, na Índia, e o sul das Grandes Planícies dos EUA. A redução da quantidade de água nesses reservatórios também repercute na natureza: segundo a ONU, o número de peixes de água doce caiu 50% entre 1970 e 2000.
Efeitos da escassez
A falta de água adequada para ser bebida e usada na higiene é a principal responsável...
... pela morte, a cada ano, de 11 milhões de crianças com menos de 5 anos, causada por doenças e má nutrição
... pela fome crônica de cerca de 1 bilhão de pessoas
... pela “insegurança alimentar” que, segundo a FAO, acomete 2 bilhões de pessoas, cuja nutrição não é considerada adequada para uma “vida ativa e saudável”
... por ajudar a manter mais de 60 milhões de meninas longe da escola
O aquecimento global traz outras variáveis (ver quadro à pág. 45). Segundo os cientistas, o acréscimo de um grau centígrado à temperatura média mundial fará o volume de chuvas aumentar 1% – resultado da absorção de mais umidade pelo ar mais quente. Não haveria mudança no volume total de água na Terra, mas ela seria reciclada mais rapidamente, causando desarranjos na agricultura mundial. Conscientes dos efeitos negativos do consumo excessivo de água sobre a natureza, alguns países já estabeleceram leis que garantem “fluxos ambientais mínimos”. Há outras medidas recomendadas, cuja aplicação depende das várias instâncias envolvidas – desde a individual até a internacional.
Precificar adequadamente a água
São Paulo não pagava nada pelos 31 mil litros de água que retirava por segundo do Sistema Cantareira (correspondente ao trecho leste da bacia do rio Piracicaba) entre 1974 e 2006. Nesse ano, a promulgação da lei de cobrança do uso de água obrigou a cidade a desembolsar anualmente R$ 11 milhões com essa finalidade.
O dinheiro arrecadado vai para o comitê gestor da bacia do Piracicaba e é aplicado na preservação dos rios. Outras bacias, como a do Paraíba do Sul e de rios da região metropolitana de Curitiba, também cobram pela água extraída de seus leitos.
Eficiência doméstica
Medidas simples ajudam bastante na redução do consumo. Uma torneira gotejando desperdiça 1.380 litros por mês. Um buraco de dois milímetros no encanamento causa o vazamento de 3.200 litros por dia.
Eficiência dos fornecedores
Calcula-se que, na Grande São Paulo, vazamentos na rede da Sabesp levam embora 18% da água captada. A porcentagem corresponde a 1 bilhão de litros por dia, que, com o desconto das perdas, poderiam abastecer 3,7 milhões de consumidores.
Eficiência na agricultura
Há três caminhos principais: conseguir versões de sementes aptas a crescer em ambientes mais secos e salgados, melhorar o desempenho da irrigação e trocar culturas, plantando vegetais mais compatíveis com o atual estado da terra e do clima.
Reaproveitamento
O potencial do reaproveitamento de água é gigantesco. Para se ter uma ideia, é possível até tornar potável a água poluída por dejetos (os moradores do rico condado de Orange, no sul da Califórnia, consomem água reaproveitada de esgoto desde a década de 1970).
Aquíferos ameaçados
O Brasil possui situação privilegiada – 12% das reservas de água doce do mundo estão aqui – graças a seus imensos mananciais no subsolo.
O Aquífero Guarani, por exemplo, é o maior do mundo. Estende-se por 1,2 milhão de km2, do sul do País até o início da Bacia Amazônica, penetrando no Paraguai, Uruguai e Argentina. A espessura total do aquífero varia de 50 a 800 metros; considerando-se uma espessura média aquífera de 250 metros e porosidade efetiva de 15%, estima-se que as reservas permanentes do Guarani (água acumulada ao longo do tempo) sejam de 45.000 km³. Mas até mesmo reservas como essa estão ameaçadas pela poluição ambiental por agrotóxicos, pelo desmatamento não sustentável, pela irrigação artificial de áreas agrícolas e pelas alterações no regime pluvial devido a fatores como o aquecimento global.
Dessalinização
Essa alternativa onerosa fica viável em países com estoques de água precários. Segundo o boletim inglês Global Water Intelligence, a capacidade de dessalinização terá mais que dobrado por volta de 2015.
Comércio
Os subsídios agrícolas representam uma severa distorção comercial, mas, em certos casos, é preferível importar alimentos e bens industriais a produzi-los internamente a um custo em água proibitivo. Segundo a organização International Water Management Institute (IWMI), a demanda por irrigação seria 11% maior sem o comércio – percentual que subiria para algo entre 19% e 38% por volta de 2025.
Técnicas tradicionais
Alguns métodos usados antigamente permanecem atualíssimos: replantar árvores, em especial perto de mananciais; arrancar árvores exóticas cuja sobrevivência exija muita água; coletar água da chuva com lagos e tanques; erguer muros de pedra para conter a erosão.
Dieta vegetariana
A produção de um quilo de carne bovina exige 17.100 litros de água, enquanto um quilo de carne suína demanda 5.250 litros. Por outro lado, há 1.000 litros de “água virtual” em um quilo de legumes ou de raízes e tubérculos (ver tabela ao lado). Portanto, ser vegetariano ajuda muito na preservação da água.
Pelo menos parte dessas alternativas está sendo adotada ao redor do mundo. Mas há obstáculos ainda consideráveis a superar. A pobreza, como sublinhou Jeffrey Sachs, é um deles. A visão da água como um bem barato ou gratuito ainda está arraigada em muitos lugares, e vários agricultores relutam em rever suas culturas e métodos de plantio. Assim, forma-se um cenário de certo modo similar ao do aquecimento global: o diagnóstico existe e está bem-feito, mas as medidas para resolver o problema tardam a ser tomadas – e a demora pode nos custar muito caro. O biogeógrafo norte-americano Jared Diamond, autor de Colapso – como as sociedades escolhem o sucesso ou o fracasso (Editora Record), afirma que as sociedades que perduraram tinham uma visão de longo prazo e mostravam flexibilidade e força de vontade para mudar seus valores quando eles não lhes serviam mais. Será que os humanos contemporâneos possuem essas características?
FONTE:  http://revistaplaneta.terra.com.br/secao/meio-ambiente/agua-doce-o-ouro-do-seculo-21