Contra o frio, voluntários espalham casinhas de cachorro em cidade de SC
Aline Torres
Colaboração para o UOL, em Florianópolis
Colaboração para o UOL, em Florianópolis
- Reprodução/FacebookBruna teve a ideia quando encontrou em uma rodovia uma ninhada com sete filhotes, ainda com sangue do parto, sendo atacados por formigas
A empresária Bruna Uncini, 26, ajudava esporadicamente animais abandonados. Levava cães doentes ou atropelados para o veterinário, organizava campanhas de adoção, mesmo assim, achava que fazia pouco. "Percebi que meu trabalho de formiguinha não estava funcionando. Por mais que eu ajudasse um animal, outros estariam desamparados", disse.
O gatilho para essa percepção foi a noite do dia 24 de abril. Bruna encontrou em uma rodovia uma ninhada com sete filhotes, ainda com sangue do parto, sendo atacados por formigas. Eles foram abrigados e receberam tratamento, mas só um sobreviveu.
Para agir em defesa dos animais, Bruna se uniu a Bruno Hartmann, da Gerência de Proteção Animal de Lages, e Clênia Souza, voluntária do Adote. Os três cadastraram 500 animais abandonados. Em seguida, criaram uma campanha para pedir ajuda aos comerciantes da cidade. Cada comerciante oferece R$ 118, paga a casinha e em troca é colocada uma placa com o nome do comércio. "É benéfico para todos. Os animais sobrevivem ao frio e os empresários têm uma chance de investirem em marketing positivo", disse Bruna.
Cicero Pereira Neto é um dos empresários que colaborou com a boa ação. "Apoio o projeto porque ele é bem estruturado. Num primeiro momento, busca diminuir o sofrimento dos animais. Muitos não sobrevivem ao clima de Lages. Num segundo, trabalha na questão da saúde pública, vacinando e castrando", afirmou.
Até o momento, foram instaladas 83 casinhas, mas nos próximos dois meses serão colocadas as 500. Enquanto isso, há cães dividindo o espaço. As moradias ecológicas são confeccionadas pela DW Artesanato, de Rio do Sul, e são térmicas --armazenam 40% de calor.
Cada uma tem uma placa: "Essa é minha casa, fui abandonado. Por favor, me ajude com água e comida. Se não puder ajudar, tudo bem, mas, por favor, não me faça nenhum mal, eu não faço mal a ninguém. Obrigada!".
As casinhas estão sendo colocadas há um mês e nenhuma foi roubada. Ao contrário, muitas receberam travesseiros, cobertores e potinhos com água e ração. Na fanpage do projeto muitas pessoas avisam sobre locais onde há cães abandonados. A massoterapeuta Daniane Zazeka, por exemplo, informou que na praça Sete de Setembro, no bairro Boa Vista, havia cinco cães. No dia seguinte, as casinhas foram instaladas. E Daniane levou cobertores, água e ração para recepcionar os futuros inquilinos.
Projeto continua
O projeto tem outras duas etapas. Após as instalações das casinhas, que são demoradas pelo tempo de montagem, os animais serão vacinados e castrados, para que sejam evitados novos ciclos de abandono.Por fim, Bruna e os parceiros irão às escolas fazer um trabalho de conscientização. "Gostaríamos de alertar sobre a irresponsabilidade de abandonar um animal. Muitos são jogados fora quando ficam velhos ou adoecem. É preciso que os estudantes reflitam sobre a desumanidade cometida para que haja uma transformação", enfatizou Bruna.
O exemplo do Ajude um Animal de Rua poderá ser levado a outros Estados brasileiros. Os voluntários já receberam ligações de São Paulo, do Rio de Janeiro, Minas Gerais, Paraná, Rio Grande do Sul e Mato Grosso. São pessoas que apoiam a campanha de arrecadação criada por Bruna. Até o momento, foram arrecadados R$10,6 mil. Outras pessoas dispostas a ajudar podem doar clicando aqui.
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