Tortura em shopping durou uma hora
Sidivaldo (de camisa preta) e Fany: 1 hora de pânico e terror (Foto: Marco Santos)
Após a repercussão do
vídeo que mostra dois jovens sendo torturados por três seguranças do
Parque Shopping, as vítimas deixaram o medo de lado e resolveram falar
sobre o assunto. O vídeo circulou pela internet na última terça-feira
(1), mas o fato aconteceu no sábado (28). Ainda psicologicamente
abalados por tudo o que viveram em 1 hora dentro de uma sala, os
estudantes Sidivaldo Ferreira, 20 anos, e Fany Castro, 18, acreditam que
foram vítimas de preconceito racial e também pelo fato de serem
homossexuais.
Os rapazes relataram ao DIÁRIO que, por
volta das 20h30 do sábado, conferiam as ofertas de confecções em umas
das lojas do primeiro piso. De repente, foram surpreendidos por dois
seguranças que os acusaram de estar furtando produtos. Mesmo sem provas
do crime, os dois rapazes foram levados por três seguranças do shopping
para uma sala.
No vídeo que mostra parte da sessão de
torturas, Sidivaldo leva 33 chineladas nas mãos e uma no rosto. Fany
aparece ao fundo, em pânico, com algo que parece ser uma touca na
cabeça. Não era. Tratava-se, na verdade, de um saco. Segundo ele, o saco
foi utilizado para um tipo de tortura muito pior do que chineladas.
“Eles sufocaram a gente, com os sacos na cabeça”, denuncia Fany.
As vítimas dizem, ainda, que foram agredidas em todo o corpo e submetidas a choques elétricos. Temendo que algo de pior acontecesse, Sidivaldo e Fany decidiram buscar ajuda. Segundo eles, os agressores os obrigaram a passar o endereço de suas casas e chegaram a ameaçá-los, se contassem a alguém.
As vítimas dizem, ainda, que foram agredidas em todo o corpo e submetidas a choques elétricos. Temendo que algo de pior acontecesse, Sidivaldo e Fany decidiram buscar ajuda. Segundo eles, os agressores os obrigaram a passar o endereço de suas casas e chegaram a ameaçá-los, se contassem a alguém.
Movimentos de Direitos Humanos foram
mobilizados para cobrar a punição dos envolvidos. Além disso, o caso
será denunciado à Polícia Civil para que seja aberto inquérito. Em nota,
o Parque Shopping informou que os agressores foram identificados e que,
de fato, eram funcionários do estabelecimento. O shopping informou,
ainda, que repudia atos de violência, sobretudo por parte de seus
colaboradores e está tomando as devidas providências. Os três agressores
serão demitidos.
"A gente gritava, mas eles não paravam"
"A gente gritava, mas eles não paravam"
DIÁRIO: O que aconteceu dentro daquela sala?
Fany: Foi horrível! Pânico! Pegamos porrada
de graça. O que revolta é que não roubamos nada! Foram chutes e choques
durante 1 hora. Queriam me sufocar, com um
saco na cabeça.
saco na cabeça.
Sidivaldo: Pisaram com aquelas botas nas
minhas costas, me chutaram. Jogaram água na gente e depois deram vários
choques. Sofremos
muito naquela sala. Foi um inferno.
DIÁRIO: O que eles diziam?
muito naquela sala. Foi um inferno.
DIÁRIO: O que eles diziam?
Fany: Quando descobriram que eu era travesti
e Sidivaldo era gay, aí que falavam que não iam parar. Diziam que
‘viado’ tinha de apanhar em dobro. A gente gritava, mas eles não
paravam. Diziam
que iam cortar meu cabelo, pra eu virar homem.
que iam cortar meu cabelo, pra eu virar homem.
DIÁRIO: Por que vocês demoraram a denunciar?
Fany: A gente ficou com medo, por causa das
ameaças. Fizeram a gente dizer onde morava e disseram que algo pior
aconteceria se a gente denunciasse. A minha mãe perguntou por que eu
havia chegado daquele jeito: assustado e com marcas roxas. Tive de
mentir. Disse que caí na rua. Nossa família só descobriu quando o vídeo
foi divulgado.
(Michelle Daniel/Diário do Pará)
Fonte: http://www.diarioonline.com.br/noticia-352214-.html
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