Assim, os freegans buscam construir autonomia,[1] vasculhando em vez de comprar, fazendo voluntariado em vez de trabalhar, fazendo okupa em vez de alugar, e coletando comida no lixo em vez de adquiri-la.[4] Isto faz com que a maior parte dos freegans habite grandes cidades, onde o lixo é abundante e rico, como em Nova Iorque, a "capital freegan".[4] Uma prática comum entre os freegans é o mergulho no lixo, de onde eles obtém móveis, roupas, utensílios e comida.[4]
É um movimento de meados da década de 1990, derivado, além do veganismo, da subcultura vagabunda da Grande Depressão, dos movimentos antiglobalização da década de 1960 e do movimento antiguerra e antiglobalização Food Not Bombs da década de 1980, onde se recuperavam alimentos para alimentar vegetarianamente os que tinham fome.[4] [3] É influenciado pelo anarcoprimitivismo que, para grandes críticos e, por pura práxis, é sinônimo do comunismo em tese, e por outras ideologias que visam o fim do industrialismo e o retorno ao natural.[3] Um práticante do freeganismo é o youtuber carioca Bluezão, que filma seus achados e posta em seu canal do youtube.
Práticas
- Garimpo urbano: os freegans conseguem, graças à sociedade consumista da atualidade, viver a partir do que é descartado no lixo por outras pessoas.[2] [3] A obtenção ocorre por meio do garimpo urbano, onde o lixo de lojas, residências, escritórios e outras construções é remexido em busca de coisas úteis;[2]
- Okupas ou squats: os freegans crêem que moradia é um direito, não um privilégio, e que não é justo mercantilizar algo necessário à sobrevivência humana.[2] [3] Por isto, propõem a ocupação de moradias urbanas abandonadas e a transformação de terrenos baldios em hortas urbanas comunitárias;[3]
- Desemprego voluntário: segundo os freegans, trabalhar é uma troca da liberdade pela submissão a um sistema destruidor.[2] Por meio do garimpo urbano e das okupas, a quantidade de trabalho necessário aos freegans para que vivam é reduzida drasticamente ou totalmente;[2]
- Transporte ecológico: os freegans, para evitar os impactos ambientais e sociais dos automóveis e das rodovias, não utilizam meios de transporte poluentes;[2]
- Coletivização e trocas de recursos: visa evitar o descarte de itens, enquanto o garimpo urbano visa obter itens descartados. Por meio da coletivização e das trocas, os freegans conseguem se ajudar;[2]
- Retorno ao natural: os freegans se interessam em evitar a perda da valorização dos ciclos da vida e das estações do ano e por isto buscam aprender a se alimentar sem supermercados e curar-se sem remédios, por meio da familiarização com as plantas circundantes.[2] Outros vão além e se mudam para locais afastados onde constroem comunidades;[2]
Referências
- Reconsiderando o freeganismo Centro de Mídia Independente (26 de abril de 2007). Visitado em 30 de outubro de 2011. "Para nós, freeganismo tem significado a proposta de uma 'postura' frente a atual situação de deterioração em que encontramos o planeta neste processo de 10.000 anos de civilização. Esta 'postura' é resumidamente a não participação na manutenção deste sistema, e a adoção de um conjunto de estratégias visando a construção da autonomia baseada no respeito ao planeta e a seus habitantes. Freeganismo, obviamente, é também uma maneira prática de ficarmos cada vez menos dependentes do sistema. Resumindo, o freeganismo é uma prática de negação do sistema e oferece valiosas propostas para este fim. Porém o freeganismo não tem significado um ataque direto ao sistema. [...] Como a proposta freegan surgiu do veganismo (anarquista), o freeganismo ainda carrega algumas limitações do veganismo. O veganismo nada mais é do que uma opção alimentar e de consumo que se abstém de produtos de origem animal e testados em animais; o freeganismo é a mesma coisa mas vai um pouco além, ele visa boicotar tudo aquilo que acarreta em custos ambientais, animais e humanos. [...] O freeganismo aborda apenas a construção da autonomia, e não achamos interessante abordagens parciais. [...] Freegan é um termo criado com duas palavras em inglês: "vegan" e "free"."
- Freeganismo - Boicote a sociedade do trabalho e consumo Centro de Mídia Independente (27 de fevereiro de 2006). Visitado em 30 de outubro de 2011.
- Do Ludismo ao Radicalismo: micro-poderes e novas estratégias de resistência à sociedade de consumo (PDF) Intercom (2009). Visitado em 30 de outubro de 2011. "Esse trabalho tem a intenção de investigar a atuação de três estilos de vida que têm como alvo de resistência a sociedade de consumo: o veganismo, o freeganismo e o yomango. [...] O freeganismo surge como oposição no interior do veganismo, em meados da década de 1990. Esse estilo de vida, cujo nome em inglês deriva da junção das palavras free (livre, grátis) e vegan (vegano), considera qualquer tipo de consumo prejudicial. O foco da discussão do movimento de inspiração anarquista é a degradação do meio ambiente causada pelo consumo desenfreado na sociedade capitalista. Suas estratégias buscam diminuir o desmatamento, a emissão de dióxido de carbono e a produção de lixo. Os freegans adotam modos alternativos para viver baseados em uma participação limitada na economia, consumindo o mínimo possível. Para os adeptos do freeganismo, qualquer empresa contribui com a degradação do meio ambiente, a exploração dos animais (humanos e não-humanos) e a manutenção do sistema capitalista. Os freegans vivem da coleta de alimentos e objetos do lixo, evitam ao máximo o trabalho, adotam meios de transporte ecológicos (bicicletas e skates, por exemplo) e dão preferência à moradia em ocupações urbanas de imóveis abandonados (os squats). [...] O boicote, por exemplo, é o princípio do veganismo e do freeganismo. Para os veganos essa técnica se restringe a produtos e empresas consideradas ‘exploradoras da vida animal’, tratando-se, por isso, de um boicote com motivações éticas de respeito à vida dos animais não-humanos. Assim, produtos testados em animais podem ser substituídos por similares produzidos por empresas que não realizam esses testes. O surgimento do freeganismo expandiu a discussão do veganismo sobre a própria exploração do trabalho humano e do meio ambiente como um todo. Influenciado por ideologias como o anarcoprimitivismo, que prega o retorno ao natural e o fim do industrialismo, o freeganismo considera qualquer consumo prejudicial, posto que todas as empresas exploram animais humanos e não-humanos e provocam danos ambientais em maior ou menor grau. O reaproveitamento de alimentos e objetos descartados no lixo seria, a curto prazo, a melhor forma de combater o desperdício gerado pelos padrões de alta rotatividade de mercadorias da sociedade de consumo. No entanto, o modelo de subsistência prezado pelo movimento a longo prazo não é o do simples coletor, mas o de produtor de seus próprios meios de sobrevivência. [...] A ocupação da propriedade privada é uma forma de promover a justiça social, para os freegans. Eles propõem a transformação de terrenos baldios em hortas urbanas comunitárias, além da moradia em imóveis abandonados, como modo de se apropriar de forma legítima de um bem privado inutilizado. Para eles a moradia é um direito, assim como a terra e a água, por isso não é justo mercantilizar algo que é necessário à própria sobrevivência humana.
- (Junho de 2011) "O FREEGANISMO - A NOVA IDEOLOGIA DO LIXO" (PDF). Lixo Basura (22). ISSN 1731-0997. Visitado em 30 de outubro de 2011.
- Dicas de um freegan fluminense na Grande Belém,a capital do Pará:
- Andei fazendo algumas investigações e mapeamento de lixos interessantes pela cidade. Aqui o resultado. Os horários são em geral de segunda a sábado. Domingo costuma ser mais cedo, ou as vezes não abre, quando for de domingo eu indico.
*Emporio Levain, fica na Bras de Aguiar. O lixo é colocada numa ruela q liga a Bras a gentil, passagem McDowell, ela só tem nessa quadra mesmo. O lugar fecha tarde, mas colocam o lixo, só coisa fina, lá por volta das 16:00
*Mango – Tbm na Bras de Aguiar, fecha lá pras 22:00 e o lixo, acho q por volta das 23:00 já tá lá.
*Et Mariquetti – Mais um na Bras (é o tipo de lugar pra se tomar um ato freeganístico mesmo). Fecha as 20:00, 8 e pouco tá lá
* Armazem 25 – Tem ele na 25, lá no Marco e sei q pelo menos aos domingos eles colocam o lixo lá pelas 14:00. de segunda a sexta acho q só de noite. Mas o que eu saco é o da Boaventura, esquina com dom Romualdo. Lá é bom q tu pode ir quase qlq horário q eles vão dispensando os sacos ao longo do dia. Não gostam muito q fiquem mexendo, mas o moço já me deu a dica de pegar o saco e levar um pouco pra longe aí tu dá uma vasculhada, é firme
* Luana Santos – É na gentil quase esquina com 14 de abril. Tem duas coisas uma do lado da outra, então não tenho certeza se é da Luana, parece q sim porque fica mais em frente dela, mas independente de onde for tem lixo bom por ali. Lá pras 19:30, 20:00
*Grão – Na Dom Pedro, pouquinho depois da Praça Brasil. Fecha às 22:15 e aos domingos 16:00, acho q tu encontra o lixo já na hora q tá fechando. De qlq forma, eu sempre penso mais ou menos num horizonte de meia hora uma hora após o fechamento dos lugares, porque as vezes demora um pouco, tem q ir sacando. Aliás, a investigação começou com eu buscando na internet os horarios de fechamento e depois ir conferindo. Tem lugares q não achei lixo, talvez porque guardem dentro, mas fica a dica, de ver lugares q cs achem interessantes próximos a vocês ou q tenham curisidade de conhecer e tentar ver
*Govinda – Fecha às 15:00, por vola de 16:00 tá posto lá. Pode ter umas variações de horário, porque tem semanas q rolam algum festival, aí só vai ter comida bem mais tarde
*As mulatas – A do shopping patio belém. O lixo fica na Veiga Cabral, na lateral do shopping do outro lado da calçada. To repassando esse 18:30 tu encontra já lá
* Tem uma tapiocaria na Boaventura com Alcindo – De segunda a sexta não sei, acho no fim da noite. Domingo sei q por volta das 14:00 tá lá
Obs.: essas coisas são muito variáveis, e essa é parte da graça, tem uma certa aleatoriedade. Nem sempre tu vai encontrar coisa boa, em bom estado e tal, tem q vasculhar. O q se encontra no mesmo local pode variar bastante também. Na primeira vez q fui nas mulatas peguei um chocolate muito firme. Nunca mais achei. Mas acho outras coisas, bolo de macaxeira bem molhadinho por exemplo.
Obs2 : Não rasgo as sacolas, acho mó esculacho a zona q faz e depois pra quem vai coletar o lixo, ainda mais q os garis são os trabalhadores q eu dou mais valor (ao lado dos agricultores familiares). Desfaço os nós e depois amarro de volta.
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